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A utilização de gordura animal, principalmente banha de porco, já esteve bastante presente na alimentação humana até meados do século XX. Gradativamente esse produto foi perdendo espaço no mercado, sendo substituído principalmente por óleos vegetais.

Essa transição levantou uma questão bastante importante: antigamente não haviam tantos problemas relacionados ao colesterol e ao sistema cardiovascular quanto atualmente. Dados recentes da Sociedade Brasileira de Cardiologia apontam que 4 a cada 10 brasileiras possuem níveis de colesterol alto. Será que a ingestão de gordura industrializada tem influência nesse processo?
Algo que podemos afirmar de antemão é que a gordura animal tem características bastante semelhantes à nossa biologia. Já o óleo vegetal, quando entra em contato com o organismo humano, acaba se comportando como um intruso, ou seja, mais um produto industrializado entre tantos outros que consumimos — explica a nutricionista Grasieli.
Dica da nutricionista: A banha de porco pode fazer parte de qualquer receita, tornando qualquer refogado, assado, caldo, fritura, sopa ou molho ainda mais saboroso. Para a fritura, sua absorção é mínima e deixa os alimentos sequinhos e crocantes. Vale a pena experimentar. A banha de porco deve ser incluída numa alimentação equilibrada.
A ideia de que a gordura é totalmente uma vilã na nossa alimentação é errônea. Fazendo parte dos “macros” essenciais de uma dieta, junto ao carboidrato e à proteína, a gordura desempenha importantes funções no corpo humano: é através da gordura que se formam as estruturas da membrana celular, ela também é uma boa fonte de energia e fornece ácidos graxos essenciais. Também são fonte de vitamina A, D, E e K, ricas em gorduras monoinsaturadas que tem como objetivo diminuir taxas de LDL, o colesterol ruim.

Porém, há diferenças consideráveis ao comparar os efeitos da gordura animal com o consumo da gordura industrializada na saúde. Enquanto a gordura animal é tirada através de um processo natural de extração, os óleos vegetais passam por procedimentos que envolvem solventes, calor e pressão. Esse modo de produção escurece o produto, e para que possa ser vendido, novos processos químicos são realizados para clarear e tornar atrativo. A nutricionista também destaca que outro fator agravante é a quantidade de gordura poliinsaturada presente nesses alimentos, que geralmente está acima do recomendado para o consumo diário.
Além do mais, o óleo vegetal, quando aquecido, gera a gordura trans, elemento responsável pela maioria dos entupimentos das artérias e veias do organismo. Ou seja, um produto que tem o objetivo de fazer bem para o organismo pode acabar causando sérios danos à saúde — complementa a nutricionista.
Banha de porco: uma boa escolha para o seu corpo
O consumo da banha de porco tem voltado ao hábitos da culinária cotidiana. Por resistir às altas temperaturas sem que componentes tóxicos sejam liberados nesse processo, essa gordura animal é bastante versátil.
Composta de gordura saturada, monoinsaturada e poliinsaturada, a banha de porco apresenta benefícios à saúde, por conter vitamina A, importante para os olhos e na renovação de células; vitaminas do complexo B, que ajudam a fortalecer a imunidade além de regular a produção de energia no organismo; e betaína, importante composto químico que está associado à redução de componentes que causam doenças do coração e osteoporose. Além disso, a banha é a segunda maior fonte alimentar de vitamina D, depois de óleo de fígado de bacalhau, que tem como principal função facilitar a absorção de cálcio pelo organismo.
Manteiga x Margarina
Além do sabor e textura, há inúmeras diferenças entre a manteiga e a margarina, principalmente quando o assunto é saúde.

Estudos já comprovam que a manteiga apresenta benefícios e que se consumida moderadamente, faz bem ao organismo. Composta basicamente pela gordura do leite (gordura animal) e por uma pequena parte de água, resíduos proteicos e lactose, a manteiga possui em sua composição 70% de ácidos graxos saturados. É uma fonte rica em ácido butírico, que apresenta propriedades anti-inflamatórias e ajuda o intestino a funcionar melhor, refletindo na melhora da imunidade e da saúde corporal. Pessoas que não possam ou não desejam ingerir lactose podem também encontrar os benefícios dos ácidos graxos na manteiga clarificada.
Já a margarina é um produto industrializado, feito a partir do óleo vegetal em um processo de hidrogenação, transformando um componente líquido em sólido. Ainda são adicionados aditivos para branquear o produto que será consumido posteriormente. Esses processos tornam a metabolização da margarina pelo organismo ainda mais difícil.
Seu consumo está relacionado com vários malefícios à saúde como: aumento das crises de enxaqueca, ganho de peso, cólicas menstruais, diminuição da produção de leite materno, depressão, aumento no risco de doenças cardiovasculares, cânceres, etc — contextualiza Grasieli.
Gorduras são fundamentais à saúde, mas é preciso consumi-las em quantidade e qualidade adequadas, se atentando sempre ao rótulo e buscando por produtos que possuam o mínimo de intervenção ou adição de industrializados. Por isso a utilização de gordura animal tem voltado a crescer de forma considerável, por aliar saúde e versatilidade ao cozinhar.