
No dia 11 de março de 2011, o mundo viu perplexo cenas de destruição causadas por um tsunami que atingiu a costa nordeste do Japão após um terremoto de magnitude 9, o mais forte já registrado no país.
Ewerthon Tobace – @etobace da BBC News Brasil para O Catharinense
Cidades e vilarejos quase inteiros de três províncias principalmente – Fukushima, Miyagi e Iwate – foram arrastados pelas águas. Comunidades pesqueiras foram arrasadas pela força das águas, que não poupou da devastação nem as cidades um pouco maiores. Mais de cem mil casas e prédios simplesmente desapareceram do mapa.
Mais de 15 mil pessoas morreram, e mais de 2.500 corpos não foram encontrados até hoje.
Para completar, a onda gigante danificou os geradores que garantiam o resfriamento do combustível atômico da usina nuclear de Fukushima.
Cidades e vilarejos quase inteiros de três províncias principalmente – Fukushima, Miyagi e Iwate – foram arrastados pelas águas. Comunidades pesqueiras foram arrasadas pela força das águas, que não poupou da devastação nem as cidades um pouco maiores. Mais de cem mil casas e prédios simplesmente desapareceram do mapa.
Mais de 15 mil pessoas morreram, e mais de 2.500 corpos não foram encontrados até hoje.
Para completar, a onda gigante danificou os geradores que garantiam o resfriamento do combustível atômico da usina nuclear de Fukushima.
Três reatores explodiram, levantando uma nuvem radioativa que causou o segundo pior acidente nuclear da história, superado apenas por Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.

A vida, ao longo dos anos, parecia que retomava a normalidade. Mas faltava algo para mim. Havia muito mais do que histórias tristes, de heroísmo ou de superação por trás desta tripla tragédia.
Somente agora, depois de dez anos de muitas idas à região, comecei a entender o motivo de sentir tanta angústia quando voltava para lá. Minha última viagem, de 5 dias, foi no final de fevereiro.
Por causa do clima severo, da geografia complicada e da distância dos grandes centros urbanos, como a capital Tóquio, a região nordeste é conhecida como o rincão do Japão.
E nesse lugar bucólico vive um povo que tem fama de taciturno, teimoso e um tanto fechado.
Minha mãe nasceu ali, em Nobiru, uma vila de pescadores de baleia encravada em uma das áreas costeiras mais bonitas da província de Miyagi.

Tsunami em números:
De acordo com o boletim mais recente da Agência Nacional de Polícia do Japão, de 10 de dezembro de 2020, o terremoto seguido de tsunami deixou um saldo de:
•15.899 mortes
•2.527 desaparecidos
•6.157 feridos
•121.992 propriedades totalmente destruídas
•730.392 propriedades parcialmente destruídas

Com muita dor no coração, a família deixou a terra natal logo após a Segunda Guerra Mundial em busca de uma vida melhor no Brasil.
E foi com meus avós maternos, Takeko e Tomesaburo, que adquiri um pouco daquelas características locais. Desde pequeno aprendi que respirar fundo e contemplar o silêncio era o melhor a fazer em uma situação de tensão.
Por isso, não fiquei surpreso quando ouvi a professora aposentada Yumiko Miyabe contar que os alunos da escola primária onde ela trabalhava enfrentaram a tragédia com muita coragem.
“Fazia muito frio, estava muito escuro, não tinha luz nem comida. Mas as crianças sabiam que era uma questão de vida ou morte. Então, ninguém chorou ou reclamou naquela noite”, lembra.

A Escola Primária Nakahama, na cidade de Yamamoto, virou museu. Ali, cerca de 90 crianças, professores e moradores vizinhos se refugiaram do tsunami na cobertura do prédio de dois andares e foram salvos no dia seguinte de helicóptero. Yumiko ainda trabalha ali, mas agora como guia.
“Precisamos ensinar as pessoas sobre o valor da vida”, diz.
Foi este mesmo sentimento, de se importar com cada vida humana, que captei no olhar de uma enfermeira, logo nos primeiros dias após a catástrofe.
A cada sobrevivente resgatado das águas frias, ela deixava correr as lágrimas pela face, de forma contida, e agradecia a cada um por ter lutado e se salvado. Sem muitas palavras, apenas com muitos gestos de carinho e cuidado.
Mas ela desabou em prantos, um choro doído, quando viu uma conhecida da avó chegar ao hospital, em Ishinomaki, na província de Miyagi, cidade que registrou o maior número de mortos. Foram pouco mais de 3 mil.
A senhora estava num carro que foi arrastado pelas ondas. Naquele dia fazia muito frio. Nevara durante a tarde e a temperatura congelante castigou os sobreviventes na primeira noite.
Com a ajuda de moradores que estavam ilhados na cobertura de um prédio, a idosa foi resgatada. Fraca, desidratada, gélida. Mas resistiu, e emociona até hoje quem assiste ao seu salvamento registrado por câmeras de celular.